segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


O LIVRO DO VENTO ( Pensamentos críticos de Musashi).

Não devem existir golpes fortes ou fracos na esgrima. O golpe dado com a vontade de golpear o mais forte possível é grosseiro, quando a técnica é grosseira , é difícil vencer.

O que faz golpear com eficiência não é a força, diz Musashi, quando se luta pela vida , não se da um golpe com a vontade de golpear mais ou menos forte, se da para matar o adversário.


O ensinamento de muitas técnicas é uma comercialização da esgrima, serve para convencer os principiantes que se conhecem muitas técnicas, é falso, porque é errado pensar que existam muitas técnicas para cortar em dois um homem.

Critica o modo de olhar de algumas escolas.
Algumas escolas ensinam fixar o olhar na espada do adversário, outras nas mãos, no rosto ou nos pés. Mas fixar o olhar em um só lugar, não é bom. Quando se domina o caminho da espada, consegue-se perceber tudo, posição, distância, velocidade. Mas, o mais importante é olhar o espírito do adversário.

Critica aqueles que procuram principalmente a velocidade.
Não é um caminho seguro. O que parece velocidade, muitas vezes é nada mais que pressa e que não está de acordo com o ritmo da luta. Os gestos dos verdadeiros peritos não parecem rápidos. Na dança ou na música o principiante tem sempre a impressão de estar atrasado e o seu espírito fica apressado. Se a velocidade não  está de acordo com a distância é nociva. O gesto do verdadeiro perito parece lento, todavia a distância ( MA) é respeitada, e ele nunca parece apressado. É necessário entender bem este exemplo. Quando se procura golpear com pressa, a espada não corta, ela não é um leque, e nem um canivete.

Critica a diferenciação das técnicas para principiantes e avançados.
Algumas escolas fazem uma distinção entre as técnicas para principiantes e técnicas avançadas (secretas). Mas no caso de um combate verdadeiro, não tem sentido dizer: lutei com uma técnica de principiante ou com uma técnica avançada. No ensinamento da minha escola, faço trabalhar o principiante sobre técnicas e idéias de fácil aprendizagem, e quando o seu espírito se amplia,  ensino as técnicas  e as razões correspondentes. Se aprende o que é necessário conforme o progresso, eu não faço distinção de técnicas para principiantes e técnicas para avançados.Aquele que adentrou em uma floresta fechada chegará do outro lado, no limite da floresta. Não é necessário no caminho das artes marciais, manter técnicas secretas. Quem adquiriu confiança no próprio nível pode mostrar tudo o que sabe. A sua  força está na capacidade de usá-la no modo melhor em função das circunstancias. O que determina a qualidade não é algo que se aprende de imediato.

O LIVRO DO CÉU ( OU DO VÁZIO).

Escrevo aqui a essência do ensinamento da espada. O vazio quer dizer que não existe nada e que o “nada “ pode ser objeto de conhecimento.  O vazio não é igual a nada que exista. Conhecendo o vazio, se conhece tudo o que existe e o que não existe. O verdadeiro vazio não é simplesmente conhecer algo que não existe, isso é um espírito perdido. Pessoas, que praticam a esgrima, sem saber o que é o caminho (DÔ ), falam de vazio quando chegam a um impasse. Não e isto o verdadeiro vazio. O bushi deve aprender o caminho da espada de forma segura e se exercitar também nas outras artes marciais, aprimorando as próprias ações, afastando do próprio espírito os males, não parando nunca nem por um dia do treinamento, deve limpar o próprio espírito, a própria vontade, a perspicácia e a capacidade de observação. Assim, afastando as nuvens de preocupação, o céu fica claro, este é verdadeiro vazio.
Musashi explica como frequentemente se pensa de estar no caminho certo, mas muitas vezes isso não é verdadeiro salvo que não tenha chegado a esta etapa, que a finalidade ultima da espada é de alcançar o verdadeiro vazio e que no final do progresso na espada esta o vazio.  
No estado de vazio, não existe o bem e nem o mal. Quando se alcança a sabedoria, a razão e o espírito da espada, se pode chegar ao espírito do vazio ( KARA).     

 PROXIMA POSTAGEM – pensamentos do Samurai, YAGYU MUNENORI.  

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MIYAMOTO MUSASHI


O LIVRO DO FOGO:

A noção do Hyoshi ( ritmo/ cadência/ distância / movimento).
Musashi escreve. O ritmo encontra-se em todos os lugares, mas na Katana não pode ser adquirido sem treinamento. Na katana , o ritmo existe sob múltiplas formas, é muito importante conhecer e saber discernir entre os vários ritmos, o grande e o pequeno, o lento e o rápido, o ritmo igual,  o ritmo do MA (distância / intervalo) e o ritmo desigual. Este ultimo é essencial, sem ele , a espada não é segura. No combate, conhecendo o ritmo do adversário, devo utilizar um ritmo que ele não possa absolutamente prever, e vencerei fazendo surgir a naturalidade no ritmo da sabedoria.

A GUARDA SEM GUARDA.
A guarda fundamental é aquela de nível médio ( tchudan), todas as outras são uma variante daquela. Uma vez que se toma a espada, a finalidade é de fazer em pedaços o adversário. Se atacar, fintar, se defender, bloquear, tudo isso é para criar a ocasião para faze-lo em pedaços. Não existe uma posição de guarda fixa, tudo depende da situação de acordo com o adversário.

COMBATE CONTRA VARIOS ADVERSARIOS.

Quando se combate contra muitos, tem que usar as duas espadas, a curta e a longa, com os braços esticados a esquerda e direita. Quando os adversários atacam  de todos os lados, tem que lutar de forma que fiquem alinhados um atrás do outro, e se começa a lutar com aquele que está mais próximo. Tem que se ter uma visão muito ampla, ser preciso na hora de atacar e golpear em duas direções diferentes ao mesmo tempo, usando as duas espadas. Depois de ter golpeado, não se deve parar, mas retornar imediatamente na posição de partida. Quando os adversários avançam, deve se golpear com força o adversário mais próximo. É necessário manter de todas as formas os adversários um atrás do outro, como peixes a secar numa corda. Quando os adversários se apresentam na frente deve se destruir o conjunto com força. Não é conveniente atacar adversários que formam um grupo compacto, e não esperar que o adversário se aproxime antes de reagir.
É necessário vencer recolhendo o HYOSHI do adversário, encontrando os momentos de instabilidade do grupo. De vês em quando, tem que se treinar contra muitos, dirigindo-os.
E assim se aprende o que é o combate contra vários, o combate contra dez ou vinte pessoas se torna seguro tanto quanto o combate contra um único adversário. Tem que se treinar muito e com muita reflexão.
     

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MIYAMOTO MUSASHI


     Miyamoto Musashi (1584-1646) foi um grande mestre de esgrima lendário. Com a idade de treze anos, enfrentou com uma espada de madeira (bo-ken) Arima Kihei, guerreiro de muita habilidade, e o matou. Com a idade de dezesseis anos com uma espada de aço matou Akiyama, que tinha uma fama de grande força. Na juventude, dos treze aos trinta anos, combateu mais de 60 vezes, às vezes contra vários adversários, vencendo sempre.
     Ele escreveu:Quando completei trinta anos, fiz uma autocrítica, pensando que, se tinha vencido, não era porque eu tivesse alcançado o ultimo estagio do Caminho (DÔ), mas com certeza com uma habilidade natural e muito treinamento, ou talvez do nível insuficiente dos meus adversários.Treinei todos os dias, da manhã à noite, e somente perto dos cinqüenta anos no Caminho da estratégia da arte marcial (katana). A começar daquele momento, me encontrei no fim do Caminho. E isto me consentiu de ser um Mestre em varias artes.
     Musashi viveu grande parte da sua vida viajando com o objetivo de aperfeiçoar a própria arte enfrentando numerosos adeptos da esgrima. Ensinou somente por alguns anos, em dois períodos: perto dos quarenta anos e próximo do fim da vida, quando eram acolhidos na corte dos grandes senhores feudais.Praticou outras artes, alcançando um nível muito elevado em caligrafia, pintura, escultura, poesia e cerimônia do chá. Apesar da sua fama, o seu ensinamento ficou ligado somente a sua pessoa, e a sua escola não tiveram continuidade depois da sua morte.
     Musashi pensava que a sua estratégia poderia ser aplicável aos combates de massas e tinha o desejo de experimentar a sua teoria na frente de um exercito. Mas a época em que ele viveu era o fim das guerras, uma paz consolidada e de burocratização. Não teve ocasião de colocar em vista as suas capacidades de homem de guerra e consequentemente alcançarem um alto nível social. Todavia, depois da sua morte, os adeptos da arte marcial continuaram a ler muito as suas obras.
     Musashi morreu com a idade de sessenta e dois anos. Foi autor de muitas obras, a ultima das quais, escrita aos sessenta anos, é considerada como a formulação mais sintética do seu pensamento. Esta obra tem o nome de GORIN NO SHO ( literalmente: Escritos das cinco rodas), é composto de cincos rótulos de papel, conhecido também como o Livro de Cinco Anéis.
O primeiro, o ESCRITO DA TERRA, diz sobre o sistema geral das escolas.
O segundo, o ESCRITO DA AGUA, descreve sobre tudo, as técnicas.
O terceiro, o ESCRITO DO FOGO, descreve como enfrentar o combate.
O quarto, o ESCRITO DO VENTO, uma critica sobre as outras escolas
O quinto,     o ESCRITO DO CEU (nada ou vazio), onde coloca as suas conclusões.                                                                                         PROXIMA POSTAGEM, alguns comentários sobre o “ESCRITO DO FOGO”.OSS

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Tempo e o Combate

A duração de um combate pode ser de alguns segundos ou alguns minutos, mas não coincide de forma alguma com a medida exterior do tempo. Os segundos passam para todos e pode ser atingidos com um cronômetro, mas o tempo em um combate é um tempo subjetivo. Podemos dizer também, em lutar pela qualidade do nosso tempo, qualidade esta que é determinante na luta.
Observamos o adversário por um segundo, dois segundos... dez segundos, mas, isso não significa que o vejamos por todo o tempo, pois existem instantes que não o vemos, mesmo se continuamos a olhá-lo. O ataque lançado por um karateca de alto nível pode acontecer no momento em que o adversário olha sem, no entanto, vê-lo chegar. Isso não implica necessariamente em uma grande velocidade.
            No karatê esportivo existe uma tendência em medir o nível de um karateca, tomando como base a velocidade e agilidade dos seus movimentos. Isto significa limitar-se a uma única dimensão e desconhecer a qualidade do tempo subjetivo, muito mais decisivo.
            É muito importante que em um combate, o karateca tente entrar no tempo de luta e acima de tudo, na dimensão do YOMI, que os guerreiros japoneses mais procuravam  (YOMI= ler, interpretar, intuir, prever ). Não é por acaso que, a partir de certo nível, os adeptos da Kataná (Samurai), tenham se aprofundado no ZEN para alcançar uma completa integração entre o espírito e o corpo.
            Na temporalidade de um combate, o que está em jogo é a densidade com que o tempo é vivido. Não se vence somente com a força física, com as técnicas ou com o MA-AI (ajustamento da distância), ou com o HYOSHI (ritmo descorde), mas principalmente, com a profundidade, a intensidade, e o enchimento total do tempo vivido durante o combate.
            Durante a época Tokugawa, (1603-1868), que foi um período de paz relativa, pois não aconteceram mais guerras intensas como no passado. Isso fez com que houvesse uma formalização no modo de vida dos Samurais que tinham que aprender dezoito artes marciais. A Kataná ( espada) se tornou a arma cotidiana dos guerreiros japoneses, e foi neste período que o desenvolvimento da habilidade no uso da kataná se tornou quase que milagrosa. O aço com que eram feitas não era muito resistente, então os samurais evitavam o máximo cruzar as espadas nos duelos para evitar que perdessem o fio do corte ou até chegar a quebrar. Isso obrigou a desenvolver uma outra dimensão de habilidade que era a capacidade de prever (yomi) o ataque e dar fim ao combate com um único golpe. Para conseguir isso não era suficiente o treinamento físico, mas também um treinamento íntimo espiritual; a aproximação dos guerreiros samurais ao Zen era na busca do domínio desta dimensão; de prever a ação de um ataque.
            A kataná se tornou o símbolo do guerreiro, o samurai não se separava nunca da sua espada, ficava ao alcance até na hora de dormir. Por este motivo as obras dos mestres de kataná daquela época marcam os momentos determinantes da formalização do Budô. O Karatê-Dô para chegar na sua plenitude deveria se apoiar no Budô.
            A arte de prever (yomi) acontece em um tempo vivido plenamente, muito ligado em um combate, sentir a vontade do ataque do adversário, antecipar o seu ataque quando ainda se encontra na sua mente e antes que se transforme em ação. Para conseguir entender como os guerreiros Samurai chegaram a isso, transcreverei alguns textos escritos por mestres de esgrima japoneses que viveram muitas situações de combates na preservação de suas vidas, desenvolvendo habilidades extraordinárias e fora do comum. O tradutor destes textos diz que a tradução literal não daria o significado completo, pois na cultura daquela época os escritos não tinham a função de transmitir inteiramente os conteúdos, mas fornecer uma base de desenvolvimento de um entendimento intuitivo e necessário de muita reflexão. Os autores escolhidos são aqueles cuja influência se propagou no Japão até os dias de hoje, e que se apoiaram o ZEN para fortalecer o espírito, achando que este era o ponto mais importante a ser desenvolvido para se ter um desprendimento completo do corpo nas ações de combate.
                        Os Samurai que através dos seus escritos influenciaram o comportamento marcial japonês são os seguintes: YAGYU MUNENORI, ITO ITTOSAI, MIYAMOTO MUSASHI, ITSUSAI CHOZANSHI e MATSUURA SEIZAN.
                        Nesta seqüência colocaremos o pensamento destes guerreiros Samurais como complemento da atitude do praticante de Karate-Dô.

                                                           (Continua na próxima postagem...)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Uma Lenda.



     Era uma vez, há muito tempo atrás, um médico japonês de nome Shirobei Akiyama. Dizem que ele tinha estudado na China os métodos de combate daqueles tempos, mas sem obter os resultados que esperava. Contrariado pelo insucesso, decidiu rezar aos Kamis (divindade), e por cem dias se aprofundo na meditação. Ocorre que, um dia nevou abundantemente. O peso da neve quebrava os galhos mais robustos e as toras ficavam expostas.
     Os olhos de Shirobei pousaram então sobre uma arvore que, apesar da neve, tinha ficado intacta. Era um salgueiro. Todas as vezes que a  neve se acumulava nos galhos e ameaçava quebra-los, estes se dobravam para se livrar do peso e voltavam imediatamente à posição primitiva.
     O fato impressionou vivamente o bom médico que entendeu a importância da “não resistência” e a aplicou nas técnicas de combate, e que foi chamado de YAWARA, (flexibilidade), e adotado como principio em todas as artes marciais de origem japonesas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Kime ( força veloz, decisiva): 2ª parte.



                   Em cada passo, em cada movimento dos braços, os feixes musculares modificam a sua situação de tensão, encurtando. É o encurtamento (contração) dos músculos que permite o movimento. Se os membros se deparam com um obstáculo que obstrua o movimento, apesar da musculatura estar toda tensa, os feixes musculares não se encurtam. Este tipo de trabalho dos músculos, em que não há um encurtamento dos mesmos é denominado em linguagem médica de “isométrico”.
                   Na década de 20, dois cientistas descobriram que essa tensão isométrica podia fortalecer o músculo. Esses investigadores procederam da seguinte maneira: esticaram a perna de uma rã e imobilizaram-na, deixando a outra a mover-se livremente. O animal começou a saltitar sem parar, esperando recuperar assim a sua liberdade. Depois de algum tempo os investigadores observaram que a musculatura da perna imobilizada estava mais forte do que a da perna que efetuava os saltos continuamente. Não conseguiram encontrar uma explicação para essa espantosa. Só em 1953, depois da fisiologia dos músculos ter feito grandes progressos, graças aos trabalhos dos cientistas Otto Meyerhof e Archibald Vivian Hill, que ganharam o premio Nobel com as suas investigações, é que o fenômeno pode ser explicado. Nem todos os feixes musculares intervêm nos movimentos. Como a maior parte dos movimentos repete-se constantemente, inclusive no trabalho corporal, o corpo habitua-se a poupar uma parte dos feixes musculares. Só participam, portanto, no trabalho cerca de 60% dos feixes musculares. No esforço isométrico acontece de maneira diferente. Quando os músculos não podem encurtar devido a um obstáculo, todos os feixes musculares entram em tensão. Descobriu-se, também, que não são as contrações constantes dos músculos que reforçam a musculatura e que contribuem, portanto, para desenvolver novos feixes musculares, mas que só a tensão é responsável por esse efeito. Depois de 1953, vários anos se passaram até que se descobrissem novas particularidades no que se refere ao desenvolvimento dos músculos.
                   Os músculos se desenvolvem melhor se entrarem em tensão regularmente, mas por poucos segundos de cada vez, sendo que uma excitação de duração mais longa do que 06 segundos não contribui para o desenvolvimento muscular. Por volta de 1960 os fisiologistas e os médicos elaboraram os primeiros métodos de treino isométricos. Neste ponto tem-se um pormenor interessante: em livros antigos sobre o karate de Okinawa, exercícios muito antigos de treinamento de defesa provam que aquele que os inventou conhecia já, muito antes dos nossos cientistas modernos, os valores dos exercícios isométricos.
                   Os exercícios isométricos são muitos, todos nós podemos inventar alguns, pondo a imaginação a trabalhar. No entanto, o que nos interessa são os exercícios que tenham aplicação no karate. A duração de um golpe de karate quando do impacto dura apenas um brevíssimo momento, e nesse momento têm de estar tenso o maior número possível de feixes musculares. Temos, portanto de ter em conta o momento do impacto e de escolher para treinamento os exercícios isométricos que exercitem os músculos utilizados neste momento.
                   Os exercícios são vários, daremos um como exemplo: usando a respiração aprendida no desenvolvimento do TANDEN, é conveniente usar a posição utilizada no treinamento do Tanden, mas se a sua posição já é sólida, pode utilizar as posições características do karate, como kibadachi, zenkutsu, kokutsu, nekoashi, hanguetsu, etc. O treinamento de qualquer técnica de uke-waza, tsuki-waza, os keri-waza podem ser feitos com a oposição do corpo de um companheiro que fará uma força contrária a direção da técnica, ou ainda sozinho com a própria faixa, dobrando-a e colocando o pé no anel formado, puxando para cima e forçando para baixo. Nesse treinamento a dificuldade será o equilíbrio, por este motivo é conveniente se apoiar com a outra mão para ficar estável.
                   Como exemplo do treinamento para uma técnica de te-waza, escolhemos o movimento de tsuki-waza, mas pode ser feito também com uke-waza ou qualquer técnica de defesa. Formar a técnica do seiken-tsuki, com o braço livre agarrar e fazer uma contra pressão ao movimento técnico, contraindo ao máximo a totalidade de sua musculatura; inspirar e expirar lentamente contando até sete; relaxar e repetir o exercício seis vezes. Enfim, qualquer exercício feito com oposição desenvolve a força isométrica, mas se deve ter cuidado com o tempo de execução, pois a execução do exercício por mais de seis segundos não atingirá a musculatura interna e por um fato fisiológico vai descontrair por si só e então haverá movimento, mesmo que não se perceba. Outro ponto é que se deve tomar cuidado com a respiração correta.
                   Naturalmente, para praticar o desenvolvimento do kime ao máximo grau, é necessário um corpo suficientemente robusto e resistente, que esteja em condições de agüentar com continuidade um treinamento de karatê marcial, não que seja uma condição indispensável para começar. Isso é conseguido através de um longo aprendizado e esta resistência será alcançada com o treinamento continuo que nos possibilitará de utilizar o maior número de técnicas. O mesmo tem um sentido bem preciso e deve ser desenvolvido paralelamente com a capacidade técnica.
                   A força, no karate marcial, não é sempre proporcional ao tamanho do músculo. Isso inclui a resistência de diversas partes do corpo (músculos, ossos, articulações, sistema nervoso, e todos os órgãos internos do corpo humano). Trata-se então de condições indispensáveis para chegar à fase ascendente do kime.
                   Também é indispensável uma boa condição física para conservar uma condição de equilíbrio na absorver a diminuição da força que acontece no corpo depois de um grande esforço, que é um fato normal e deve ser entendido como natural para manter um equilíbrio psicofísico.
                   Então, espero que tenha ficado claro que, primeiro devemos aprender as técnicas formais (KIHON), o mais corretamente possível, o qual foi conseguido no decorrer da história do karate.
                   Podemos tomar em consideração uma evolução pessoal das técnicas somente depois de ter realmente alcançado a capacidade de realizar a força do kimé, através da correta execução das mesmas.  No mesmo tempo, devemos orientar o nosso psiquismo para ultrapassar o portal que nos separa da parte física com o KI-AI, (união da energia psicofísica).
                   Na base das minhas limitadas experiências pessoais, posso dizer que o KIME é uma condição psíquica instantânea em que não se encontra nenhuma consciência de si mesmo e nenhum pensamento, quer dizer, uma espécie de vazio ( Kara) psíquico que integra completamente o EU num movimento corpóreo escolhido.

KI-AI.
A palavra ki-ai é composta de dois termos o “KI”, no sentido do espírito ou atitude do espírito e da “AI” no sentido de união.            

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Kime

               
                                   KIME ou “DECISÃO EXTREMA”


          A forma e a força. No Karate-do, a eficácia máxima das técnicas é denominado pelo termo KIME, que podemos traduzir como decisão extrema ou força veloz. O kime envolve duas características: a perfeição formal de um gesto e o do grau de força elevada até o seu limite máximo.
         A velocidade e a força aliam-se sempre numa boa técnica para desenvolver e melhorar o kime, deve-se trabalhar nos treinamentos com a máxima velocidade, com o objetivo de transformar a velocidade em força.
         Os movimentos rápidos só serão possíveis mantendo a musculatura com uma certa tensão, mas não contraída, só a força não é suficiente no karate,é necessário executar os movimentos com a máxima  velocidade. Deve ser capaz de aliar uma coisa à outra.
          Entre uma contração muscular e outra deve ser capaz de descontrair a musculatura o máximo para poder executar os movimentos que se sucedem ( renzoku) com velocidade para isso é preciso muito treinamento correto.
          É necessário que o praticante de karate conheça um principio prático que é muito conhecido, mas cujo conhecimento reputo indispensável para a aquisição do KIME.
          Primeiro a forma e isso não ocorre somente no karate, mas também nas mais diversas práticas culturais que comportam gestos, como a dança, o teatro clássico japonês, a cerimônia do chá, a caligrafia, as composições floreais, etc.
        A segunda característica, a força, é própria do karate, ela da eficácia a todos os gestos técnicos.
        No karatê, o kime relativo aos golpes de mão e de perna podem ser realizados a começar de um certo nível de progresso, mas a qualidade de tal nível varia segundo o nível real do executante, que vai do kime de alta qualidade ao de baixa qualidade.
Fato é que, se as técnicas corpóreas do karate equivalem a possuir uma katana (espada), também é verdade que uma espada afiada pode ser de baixa qualidade como de alta qualidade.

NO PRÓXIMO PAPO DIREI QUAL O TREINAMENTO MAIS APROPRIADO PARA CONSEGUIR UM KIME DE ALTA QUALIDADE.
ATÉ MAIS...
OSS

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

KARATÊ-DO MARCIAL (BU-DO), E KARATÊ-DO ESPORTIVO

KARATÊ-DO MARCIAL (BU-DO), E  KARATÊ-DO ESPORTIVO

            A palavra BU é composta de dois ideogramas (kanjin). Onde o primeiro ideograma significa PARAR o segundo significa LANÇA, juntos, podem significar interromper o combate. Isso é, quebrar a lança do agressor ou parar a sua lança, desta forma não haverá combate. Como os antigos romanos diziam “SE VIS PACEM PARABELLUM”, SE QUERES A PAZ ARME-SE.
            O BUDO é uma disciplina que reúne técnicas práticas de combate (BU), e uma modalidade de existência (DO). A noção de BU vem geralmente traduzida como guerreiro, militar, arte marcial... e  DO como caminho das virtudes, senda, disciplina...
A assimilação do karatê-budo, nos países ocidentais, fez com que o karatê fosse entendido muito parcialmente, mesmo que, muitos filosofem a respeito e conversem sobre a atitude que um Karateca deveria demonstrar.
            O karatê, visto como Budo, tem uma dimensão espiritual e o karatê esportivo tem uma dimensão material, levado para o espetáculo, sendo que, o resultado das competições esportivas é determinado, independentemente do desenvolvimento da luta, da diferença do total dos pontos ganhos por um atleta. Que o resultado seja de 10 a 09, ou de 08 a 01, o vencedor será aquele que totalizou mais pontos, mesmo que seja um único ponto de diferença antes do término do tempo. Isso significa que, marcando novos pontos é possível consertar os erros cometidos no decorrer do combate, recuperando-se do revés.
            No karate marcial (defesa pessoal) se requer uma atitude fundamentalmente diferente com relação aos erros cometidos no combate. Uma vez perdido um olho no combate, este não se recupera mais. Ainda mais que, o que importa é a confiança absoluta. O objetivo é não perder e também não se ferir, pois não valeria nada ter vencido e encontrar-se gravemente ferido. Dessa forma, o objetivo fundamental é salvaguardar a si mesmo.
            No karate esportivo, a finalidade é vencer, totalizando um número maior de pontos, mesmo que, o adversário marque o primeiro ponto, pode-se ainda vencer se conseguir marcar um ponto a mais antes da conclusão do combate. Dessa forma, seria muito difícil vencer, pensando na defesa, pois para vencer o oponente é necessário atacar. Assim, o princípio dos treinamentos é direcionado para se marcar o maior número de pontos. Consequentemente, há uma tendência em descuidar no treinamento, as técnicas que não se utilizam no karatê esportivo. Ademais, visto que se marcam os pontos reconhecidos pelos árbitros, acaba-se aperfeiçoando, sobre tudo, as técnicas reconhecidas pelo regulamento de arbitragem e a eficácia real é limitada na utilização de técnicas visíveis para eles.
            Ao contrário, no karate marcial não existe árbitro, com isso, nem sempre se precisa fazer uso de técnicas visíveis, pois não existem regras que limitam a ação. Na prática, presume-se que todos os ataques de um agressor possam produzir lesões graves ou mortais. Então, no treinamento é necessário dar a máxima importância à defesa, uma vez que, as técnicas de ataque nem sempre tem uma importância determinante, pois não existem punições que podem levar o agressor a ser desclassificado, como ocorre no karate esportivo. Os ataques aos pontos vitais e de conseqüência as DEFESAS destes pontos, são essenciais durante o treinamento.
            No karate esportivo, junto as regras que penalizam o atleta infrator e os atos proibidos, existem numerosas técnicas consideradas proibidas (ataques as virilhas, aos joelhos, olhos, garganta, etc.). Consequentemente, estas técnicas não são utilizadas e se o fizer será punido, então não servem para marcar pontos. Estas técnicas são excluídas dos treinamentos, e é muito provável que sejam ignoradas pela maior parte dos karatecas esportivos, como meio de defesa.
            Ao contrário, no karate marcial não existe desclassificação. Todas as partes do corpo podem ser objetos de ataques, por isso, no treinamento é importante incluir sua proteção, que pode ser obtida através das técnicas de defesa ou bloqueio. Na prática do treinamento do karatê, entendido como defesa pessoal, deve-se partir sempre do princípio de que todos os ataques de um agressor podem ser mortais e consequentemente, as técnicas defensivas são de importância absoluta.
            Ao mesmo tempo, as técnicas de ataque que não aprendemos com a intenção de matar, devem ser a tal ponto, eficazes que, se for necessário, poderiam ser utilizadas para isso.
            O Karatê é como uma espada (kataná), esteticamente pode ser muito bonita, mas se não cortar, é de pouco valor.  

Por Aldo Lubes

Referência: TOKITSU Kenji, Lo zen e La via del Karate – Per uma teoria delle arti marziali, Sugarco Edizioni.1979.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A IMPORTANCIA DO KIHON.----TANDEN---

Para o trabalho pesado de mover o corpo, devem ser usados os músculos apropriados.
No Karate é muito usada a palavra Tanden que determina o centro de gravidade situado a cerca de dois centímetros abaixo do umbigo internamente, mantendo este ponto pressionado com a respiração.

Se observarmos cuidadosamente, veremos que os músculos maiores e mais fortes estão ligados à pélvis. A maior parte do trabalho è feita por estes músculos, particularmente pelas nádegas, coxas e abdominais, músculos que se ligam a bacia ou (koshi) como é habito chamar esta região na gíria técnica do Karate.
Do centro do corpo, aos membros, os músculos gradualmente são mais delgados. Os músculos tendem a dirigir seus movimentos com precisão, enquanto a força principal dos músculos è conduzida pelos ossos dos membros, ate o ponto que começam a operar.
Em um corpo bem organizado, o trabalho feito pelos músculos grandes prossegue através dos ossos e dos músculos mais fracos, mas sem perder muito do seu poder no caminho.
Sob condições ideais, o trabalho feito pelo corpo passa longitudinalmente pela espinha e pelos ossos dos membros, numa linha tão próxima a uma linha reta quanto possível.
Se o corpo forma ângulos com a principal linha de ação, parte do esforço feito pelos músculos pélvicos não encontrara o ponto para o qual é dirigido, alem disso, os ligamentos e as articulações sofrerão danos. Se, por exemplo, empurramos alguma coisa com a mão, com o braço completamente estendido, a força dos músculos pélvicos operarão diretamente através do braço e da mão. Se, entretanto, o braço esta encurvado em ângulo reto com o cotovelo, a força da mão não pode ser maior do que a do antebraço sozinho. A ação torna-se difícil e desconfortável porque a força dos músculos grandes (koshi) não pode ser útil, desde que esta quase que inteiramente absorvida pelo corpo.
Quando a força dos músculos pélvicos não consegue ser transmitida pela estrutura do esqueleto, através dos ossos, torna-se difícil abster-se de endurecer os músculos do peito, para permitir aos músculos direcionais realizar uma parte do trabalho, que poderia ser feito com facilidade pelos músculos pélvicos.Boa organização corporal torna possível executar a maior parte das ações comuns sem qualquer sensação de esforço.  
  
                          Adaptado por Aldo Lubes, e extraido: “ Conciencia pelo movimento “ de Moshe Feldencraise.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Novo Blog do Sensei Aldo Lubes

Amigos do Karatê, OSS.

Este é um novo espaço criado para trazer a você um pouco da experiência e história do Mestre Sensei Aldo Lubes.

Sensei Aldo Lubes  - 9 de maio de 1939
Licenciado em Educação Física - U.F.Pr

Faixa Preta de Karatê - 8º Dan - 8.001 - C.B.K.
Faixa Preta de Judô - 4º Dan - 1.172 - C.B.J.
Árbitro P.U.K.O. - Kumite e Kata 
Presidente da Federação Paranaense de Karatê, filiada a CBK - Confederação Brasileira de Karatê e  WKF - World Karate Federation e Comitê Olímpico Brasileiro. Pratique Karatê.

Para o equilíbrio do corpo e da mente, em breve muitas novidades! 

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