terça-feira, 24 de abril de 2012

 


Dedicado à memória do O-Sensei Takashi Shimo (*18/09/52-07/05/93+)



A COMPETIÇÃO


A competição, no contexto da aprendizagem, significa normalmente uma motivação maior para o aluno seguir melhorando a técnica, tanto no kumite como no kata. 
A competição tem dois objetivos: um é estimular a aquisição da técnica e o outro, é simplesmente manter o interesse do aluno e evitar o aborrecimento.
  Existe nas academias de caratê um dogma comumente aceito que diz que: se uma pessoa quer melhorar a sua técnica ou aprender a ser um bom lutador, deve praticar com gente de grau superior ou de nível técnico elevado. Esse é um erro muito grande. 
Se a repetição de um movimento técnico, desde que não excessivo como foi visto na questão técnica, é parte essencial para se obter um bom golpe, e todas as autoridades estão de acordo com isto, de que o golpe deve ser repetido com freqüência e êxito. 
No entanto, se o treinamento é feito sempre com alguém superior, dificilmente se conseguirá aplicar ou repetir o movimento técnico proposto para o treinamento, pois o atleta de nível superior não o permitirá. Se por um lado o praticante de nível técnico inferior pode obter vantagens como melhorar a sua defesa, resistência e garra, por outro lado, nunca melhorar a sua técnica de aplicação. 
O atleta de nível superior quando treina com um inferior às vezes deixa aplicar alguns golpes, isto não é aprendizagem. Para melhorar a técnica, o aluno deve praticar com companheiros de nível inferior ou igual a ele, pois somente desta forma poderá repetir a sua técnica o suficiente para melhorá-la.
Cabe ao professor fazer entender aos alunos que o jyu-kumite ou kumite esportivo (com regras), nada mais é que uma forma de estudo das aplicações técnicas e táticas do caratê, e não um movimento de fúria selvagem. 
A diversão também é de muita importância na aprendizagem, pois para que se tenha um ótimo nível de aprendizagem, deve-se ter diversão  em seu processo. 
Em algumas academias (dojôs) torna-se difícil entender o porquê das pessoas praticarem caratê, uma vez em que todos estão com a “cara fechada” e o ambiente é depressivo. Naturalmente que deve haver tranqüilidade, produto do esforço e concentração, porém isso não significa que deva haver desânimo. 
O jogo e a brincadeira têm um papel importante na aprendizagem do homem. A teoria da catarse diz: “O jogo é catártico em sua ação, isto é, facilita uma saída a certos instintos e emoções reprimidas que não podem encontrar uma expressão direta suficiente nem na infância e nem na vida adulta”. 
Na vida civilizada, o instinto de agressividade, por exemplo, não encontra um campo de ação suficiente, pois somos lutadores por natureza e temos que lutar e é por isso que o homem civilizado luta no jogo. Desta forma, qualquer jogo é um simulacro de combate em que não tem derramamento de sangue, mas sem dúvida se libera a energia deste instinto ao promover um canal para a sua expressão.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

MOTIVAÇÃO

Dedicado à memória do O-Sensei Takashi Shimo (*18/09/52-07/05/93+)



MOTIVAÇÃO

     O professor deve ter muita habilidade para manter o aluno motivado porque o êxito na aprendizagem é vital. O aluno deve sentir que está melhorando tecnicamente e o professor deve aplicar-se ao máximo nesse ponto. 
        Às vezes é bom demonstrar algumas técnicas ou movimentos de kata com intenção de induzir os alunos a maiores esforços. No entanto, converter a sua demonstração em exibição pode causar um desconcerto nos alunos, pois aqueles que não conhecem ainda a causa do aprimoramento técnico – que é adquirido com  um treinamento intenso e adequado – estão vendo somente o resultado final dessa dedicação e podem ficar convencidos da absoluta falta de habilidade e condições de um dia poderem fazer o mesmo ou ainda, de que quem está demonstrando tem algum dom especial. 
        O karatê tem uma motivação própria muito particular: a dos graus, exames de faixas de kyu e dan. Muitos esportes não oferecem esse incentivo. 
        Enquanto que o caratê, além do prazer que propiciam os seus movimentos,  proporciona os exames de promoção de faixa, infelizmente um pouco deturpado pelos interesses comerciais de alguns professores.               Mas que, sem dúvida é a causa de muita gente trabalhar duro em seu treinamento para conseguir a faixa seguinte, porém isso é uma faca de dois gumes: se o aluno não consegue a faixa seguinte depois de uma quantidade de esforços que o indivíduo considera normal (e quem sabe quanto é isto?), pode ocorrer que perca o interesse e deixe o caratê por completo. Ou pior: alguns indivíduos fracassam nos exames de faixa preta, criam as suas “organizações” outorgam a si mesmo o grau, ou passam para outras "organizações de estilo" para obter a promoção.
        Infelizmente isso ocorria muito em um passado não muito distante, hoje menos. Mas a vaidade de alguns individuos é tão grande que isso ainda ocorre. No entanto, hoje, com as fiscalizações das entidades oficiais todos podem se abilitar aos exames de grau e ter um julgamento justo visto os parametros de cada um, como: idade, sexo, participação no desporto, etc. Sem dever favor algum as "organizações de estilo". 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

2- Oque é a Técnica

Dedicado à memória do O-Sensei Takashi Shimo (*18/09/52-07/05/93+)



O QUE É A TÉCNICA?


O seu significado pode variar conforme o contexto, mas para o karatê podemos dizer que a técnica é uma sucessão de movimentos realizados para alcançar um objetivo pré-determinado com a mínima quantidade de esforço e com o máximo aproveitamento de acertos e regularidade. 
Primeiro se deve entender o que é a sucessão de movimentos, pois se quisermos melhorar o nosso movimento técnico devemos repetir o Global, isto é, a sucessão completa de movimento, porém não de uma forma inconsciente, visto que a transferência de uma técnica não é um processo automático.
Muitas pessoas parecem estar convencidas de que ao repetir com suficiente freqüência uma sucessão de movimentos, estes se associarão de alguma forma para melhorar a técnica. Assim sendo, supor um progresso automático por estar repetindo centenas de movimentos é uma premissa muito duvidosa -  “A repetição ou a mera sucessão de movimentos tem pouca força, talvez nenhuma, como causa de aprendizagem” (Thorndike). Da mesma forma que se aprendem técnicas eficientes, pode ocorrer na repetição de se acentuar o “erro”, principalmente quando ocorre a fadiga muscular. Basta observar alunos ou atletas que se dedicam com excesso a fazer centenas de movimentos para melhorar a técnica e conseguem, sim, mais resistência para aquele movimento, mas o seu golpe geralmente é lento e falho no tempo e distância quando da aplicação prática.
O bom professor deve controlar os seus alunos e não permitir que façam o que querem. Muitas vezes o aluno não entendeu e exagera determinados exercícios pensando que assim aperfeiçoará a sua técnica, mas isso pode lhe causar riscos de lesões e nenhum aproveitamento técnico. Desta forma, deve-se ter cuidado com o entusiasmo do jovem. Por exemplo: o que ocorre com esse tipo de aluno é o que ocorre com quem se dedica ao levantamento de pesos. Ver o aumento da força e o volume dos músculos é muito mais fácil e aparente e a  motivação para esse tipo de exercício é maior. Agora, perceber o aprimoramento de uma técnica é mais difícil e é aqui que se deve  ter muito cuidado. 
O professor deve estudar e esforçar-se o máximo para que o aluno não perca a motivação, encontrando sempre novos métodos e sistemas de treinamento com a finalidade de melhorar a técnica.


Próxima postagem - Motivação.